Juni 04, 2002


A Copa do quarto

Ano de Copa do Mundo é sempre aquela coisa bonita, as pessoas animadas, reunidas pelo mesmo objetivo, todos são iguais, todos brasileiros. Está certo que em 2002 o horário dos jogos está tirando o sono dos torcedores, mas futebol é futebol, não dá pra deixar de ver os jogos por causa de algumas horinhas de sono. A única coisa que eu não ainda não consegui imaginar é como será a comemoração, caso o Brasil traga o penta. Em 94, lembro que a festa se estendeu pelas casas, ruas e bares, da noite do jogo até o amanhecer do dia seguinte, e teria sido igual na Copa da França em 98 se o resultado tivesse sido diferente. Nesse ano não sei como será: um café da manhã reforçado com os amigos ou quem sabe um almoço caprichado, uma feijoada, um churrasco. Talvez seja até mais divertido assim: uma festa típica alemã, daquelas que duram o fim de semana todo.
É claro que talvez essa seja uma preocupação um pouco precoce. Depois do que vimos no jogo de estréia do Brasil, não sei se vale à pena perder o sono por mais esse motivo, mas isso é comentário pra quem entende do assunto, o que não é o meu caso. O que me chamou atenção foram, na verdade, acontecimentos que vão além dos jogos em si.
Durante a tal primeira partida da seleção brasileira, estando o jogo meio chato e eu com muito sono, resolvi ver que programas passavam em outros canais naquele horário. Foi então que percebi que, apesar de ser ter mais de cinqüenta canais disponíveis na TV a cabo, só podia assistir a um se quisesse ver a seleção, ou seja, era obrigada a aturar Galvão Bueno. Quando notei que estava totalmente inerte diante de uma imposição da mídia, contra a qual não podia fazer nada, além de me revoltar, o Brasil levou um gol da Turquia. Ora, às 6:47h da manhã, depois de agonizar pela minha triste condição de telespectadora sem poder algum, engolir um gol da Turquia? Resolvi assistir ao telejornal de outra emissora. E foi então que pude confirmar que realmente estamos no país do futebol: vinte presos tinham fugido aos trinta minutos do jogo, já que todos os policiais estavam com Galvão. Parece até piada! Além disso, quando o Brasil fez o segundo gol, foi visível que avisaram a apresentadora do telejornal, que, além de dar uma suspeita olhadinha pro lado, começou a falar tão rápido que pensei que fosse turco. Ano de Copa do Mundo é realmente sempre uma alegria: mesmo sendo ano de eleições presidenciais, o que importa é que juntos sejamos todos campeões.